Não
importa o que eu faça, não importa onde eu esteja, você sempre será a
base de tudo. Mas eu preciso crescer, mãe, é hora de ir.
Talvez
você demore a compreender, talvez você chore incontáveis noites por ver
o ninho vazio, talvez você me ligue com aquela voz embargada, sofrida,
de quem está guardando um mundo de saudade em um nó na garganta, mas
mãe, eu tenho que ir.
Tenho que aprender a dormir sozinha e deixar meu quarto arrumado mesmo que eu esteja atrasada.
Tenho que aprender a cozinhar mais que ovo frito ou farofa, conto com a internet e as irmãs para me ajudar com isso.
Tenho
que me sentir só, tenho que falar para as outras pessoas “minha mãe
sempre diz que…” e sentir orgulho dos inúmeros conselhos que você me deu
na vida nem sempre eu dei muito valor.
Tenho que
acostumar com os ritos de sábado à noite no convento,que antes eram
está na igreja ou assistindo televisão com a senhora.Tenho que tirar o
pijama aos domingos,ir pra missa,fazer ou ajudar no almoço,e não
simplesmente mexer no celular ou ler um livro enquanto espero que você
faça tudo por mim.
Tenho que sentir falta do abraço
que era a fortaleza de que eu precisava em um dia ruim, e da
sinceridade que me ensinava a ser um ser humano melhor todos os dias.
Mas
não pense que é fácil para mim, vai doer todos os dias da minha vida
não voltar para casa e ver seu sorriso tranquilo, poder contar cada
detalhe do dia e não sentir um mínimo sinal de tédio no seu rosto.
Vou sentir saudade mesmo quando eu tiver oitenta anos,mesmo quando eu tiver escrito o melhor livro da história.
Preciso ir, mãe, mas te levo sempre comigo.
Autora: Danielle Samantha
Nenhum comentário:
Postar um comentário